CASO RAVY: POR DENTRO DA CARREATA, Os bastidores e a política suja que está por trás de uma manifestação

As últimas semanas no município de Corumbá foram pautadas por um assunto que mexe com questões muito delicadas e que, infelizmente, acabaram no centro de uma disputa política em pleno período eleitoral. A CPI da Santa Casa de Corumbá, bem como a recusa realizada em votação na Câmara dos Vereadores gerou uma série de acontecimentos que ganharam grande repercussão.

O que poucos sabem são os bastidores dessa “iniciativa”. O Correio Oeste, em um trabalho investigativo de várias semanas, vai mostrar nessa reportagem EXCLUSIVA, todas os detalhes do que motivou tanta interferência política na morte do pequeno Ravy na Santa Casa de Corumbá, assim como a capacidade das pessoas de se aproveitarem de momento frágil de familiares para armar um grandioso circo com intenção de angariar votos para candidaturas postas nas eleições de 2022.

Partimos do início. O vereador Chicão Vianna (PSD) é o autor do pedido da CPI protocolado na Câmara de Vereadores de Corumbá.

Foto: MS Notícias

Pedido esse que foi assinado apenas pelos vereadores Nelsinho Dib (MDB) e Raquel Bryk (Progressistas) . De início, chama a atenção que os nomes em questão tem relações muito próximas ou são os próprios postulantes a cargos eletivos no próximo período eleitoralChicão é candidato a Deputado Federal. Raquel Bryk é cunhada do candidato a Deputado Estadual Evander Vendramini, enquanto Nelsinho Dib foi eleito pelo mesmo partido em que, na época, se encontrava o Deputado Estadual e candidato a reeleição Paulo Duarte, hoje no PSB. Algo natural da política, onde a oposição busca a fiscalização do Poder Executivo de forma mais incisiva. O problema reside na tentativa do vereador autor da CPI, a todo momento, fazer do pedido um espetáculo, com forte presença nas redes sociais e grande aparato midiático, já visando seu uso em sua campanha eleitoral nas plataformas digitais.

O que não está descrito no pedido de CPI é o grau de envolvimento de dois dos seus signatários. Raquel Bryk é casada com Maurílio Vendramini, irmão do Deputado Estadual Evander Vendramini e, durante um tempo relevante, participou da Junta Interventora da Santa Casa. Os corredores da Casa do Barão de Vila Maria dão conta de que sua assinatura foi condicionada a que não se investigue o que foi feito na instituição durante o período em que seu marido fez parte da Administração. Por outro lado, Chicão Vianna omite que por importante período, a sua cunhada Melissa Vianna, esposa do ex-vereador Antônio Vianna, apelidado de “Galã“, também foi funcionária da casa, recebendo salário generoso e, durante o período em que esteve empregada, o edil não tinha qualquer divergência com relação aos procedimentos realizados na entidade.

Numa outra frente de posição, estão aliados de um candidato derrotado nas eleições municipais de 2020. Apoiadores de Elano Holanda, que agora se propõe ao cargo de Deputado Federal, começa a articular uma ação “supra partidária” com o intuito de “emparedar” a administração municipal. Figuras que tem um papel ativo nas redes sociais e uma forma de tratar assuntos relevantes de um jeito sensacionalista. Tal ação constituiu-se em uma “carreata pela saúde“, marcada para o dia 28 de agosto (último sábado), na esperança de que tal ação impulsionador uma revolta popular.

Para tanto, um grupo num aplicativo de mensagens foi criado para organizar a manifestação. Dois dos seus membros mais ativos são Douglas Britto e Hélio Duran. Curiosamente, as duas “pontas de lança” dessa manifestação foram candidatos a vereador pelo PSL, à época, sigla de Elano Holanda na disputa pelo Paço Municipal. Isso não quer dizer que outras pessoas resolveram “pegar carona” na iniciativa, como os próprios já esperavam, quando deixaram claro no Grupo criado que não haveria distinção de pessoas, desde que as mesmas fossem contrárias à atual administração municipal, sendo mais clara ainda a intenção de se posicionar contra a Prefeitura, a despeito da “nobre intenção de falar sobre a saúde municipal” . Douglas, aliás, é também candidato à Deputado Estadual pelo PRTB, atual sigla de Elano.

Já se esperava que atores como Chicão Vianna, Raquel Bryk, Evander Vendramini, e outros adversários se juntariam à manifestação.

Afinal de contas os mesmos tinham, nesse momento, um inimigo em comum. Valeria a pena abaixar as armas uns aos outros para poder derrotar um inimigo considerado “maior

Logo de início foi possível perceber que a iniciativa tinha cunho político eleitoral, a despeito da legítima dor que a família de Ravy ainda está sentindo.

Áudios e imagens colhidos por este site, de forma jornalística e Investigativa preservando o sigilo da fonte, mostram a avidez e a empolgação dos organizadores em trazer mais apoios políticos para a dita “carreata supra partidária“.

E as primeiras rusgas também. Em dado momento o Vereador Chicão Vianna se afasta do grupo por causa de ciúmes com relação ao “uso da pauta”, como se o mesmo fosse o detentor de tal honraria.

Claramente insatisfeito com a decisão do vereador, um dos participantes e organizadores do grupo, ataca pesado o vereador Chicão Viana dizendo que a CPI se tratava de uma ação fake do vereador somente para angariar publicidade para ele e todos o seu grupo político.

A situação foi assinalada pela organização, uma vez que o nobre vereador colocou seus assessores para tecer elogios a sua atuação no tal grupo. Isso acontecerá em outra oportunidade, que vocês verão ao final do texto.

Depois vemos que os assuntos enveredam pelo lançamento da campanha eleitoral da candidata a deputada estadual Glaucia Iunes, ou seja, uma clara mudança de pauta.

ESPERA UM POUCO, A PAUTA DO GRUPO NÃO ERA SAÚDE, SANTA CASA E SOBRE O PEQUENO RAVY? VAMOS DEIXAR VOCÊ CARO LEITOR REFLETIR SOBRE A ATITUDE DESSES POLÍTICOS.

Ha sugestões de um dos participantes do grupo em realizar a carreata no mesmo dia do lançamento com o intuito de “constranger” a dita candidatura.

EM GRUPO DE CARREATA É POSSÍVEL NOTAR O TOTAL DESINTERESSE DOS PARTICIPANTES COM A PALTA RAVY OU SAÚDE

Nesse caso, a organização rechaçou prontamente com receio de uma disparidade numérica entre os participantes do evento e os que integrariam a caminhada, fora o aparato de segurança que poderia haver no local, e ainda questões relacionadas a reações violentas de ambos os lados.

Enquanto isso acontecia, por mais que estivessem integrando o grupo, os atores políticos envolvidos não se pronunciaram, dando a entender que não havia preocupação quanto a uma postura grave com relação ao verdadeiro motivo da carreataque agora já estava desvirtuado por completo.

Em determinado momento, “a carreata” começa a tomar corpo. Os organizadores realizam o sistema de “vaquinha” para contratar os serviços de um carro de som. Na lista de doadores aparece nomes como o de ElanoChicão ViannaDouglas Brito e Hélio Duran. Descontando o nome de Hélio, todos os demais são candidatos nas próximas eleições, em claro jogo de interesses com relação a dita manifestação. Os valores doados por cada um foram subtraídos da imagem printada.

Na imagem é possível ver que um dos participantes usa a foto do Pequeno Ravy que veio a falecer na Santa Casa

Em um caso curioso, um dos participantes questiona a organização com relação aos participantes que não possuem veículo automotivo, mas que querem aderir a pauta. Sem muitas explicações, o apoio foi rechaçado e o interlocutor se manifestou como “Bloqueado“, causando um debate no grupo. Algo no mínimo pitoresco, se considerarmos que, em uma manifestação de pauta, o que há de mais precioso é a participação do maior número de pessoas.

As verdadeiras intenções dos participantes e organizadores da carreata ficam mais evidentes com a realização do evento. Que, obviamente, a tratar pelas imagens e vídeos gerados pelos próprios organizadores, não gerou a comoção pretendida.

Inclusive com fotos que atestam pessoas “dormindo” nos carros, mesmo com todo o buzinaço causado. Porém, o grupo não foi desfeito ou houve agradecimentos calorosos pelo cumprimento dos objetivos.

O que acontece é uma discussão que termina em silenciamento e debandada dos participantes. Em dada hora um dos organizadores começa a falar de próximas iniciativas visando “desgastar” a imagem da prefeitura, e aproveitando para a tentativa de formar um grupo forte para a disputa das próximas eleições, em 2024.

Isso dito, um participante fala em “varrer” figuras políticas, entre elas o Deputado Estadual Evander Vendramini, que havia “dado seu apoio” a carreata.

Logo, foi interpelado pela jornalista Lu Barreto, integrante do grupo e funcionária do Deputado Evander, que defendeu com generosos e demorados áudios e textos, o seu chefe.

A resposta do participante é acachapante. É dito sobre uma certa “distribuição de cestas básicas” proporcionada por Evander Vendramini e sua cunhada a vereadora Raquel Bryk. Segundo o próprio, com registros em fotos e vídeos do acontecimento. Isso foi o suficiente para que o grupo fosse silenciado, e que as pessoas, pouco a pouco fossem se retirando do mesmo.

(Um pequeno detalhe. Ainda há uma dívida pelo aluguel do carro de som que , MISTERIOSAMENTE, foi contratado na cidade de CAMPO GRANDE. Fica a pergunta; será que o município de Corumbá não tem profissionais que trabalham com Carros de Som?)

Eis a história de uma causa nobre que tem fim melancólico pela ganância política de alguns. Enquanto as brigas políticas permeiam a pauta que deveria ser de soluções para pretensos problemas na saúde de Corumbá, a família do pequeno Ravy continua enlutada. E, infelizmente, é certo de que, nas próximas semanas, esses que , de forma dissimulada, levantaram a sua bandeira, já o terão esquecido em detrimento de causas mais importantes para eles, como a contabilização dos seus votos em 2 de Outubro.

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Joel de souza

Radialista a mais de "48" anos na cidade de Corumbá, Joel trabalhou na Rádio Clube, Difusora e FM Pantanal, fez grandes coberturas como o Carnaval de Corumbá.